13/06/2008

Copiar para aprender a escrever

Conteúdo: Análise Lingüística

Série: sétima série - quarto ciclo do Ensino Fundamental
Tempo necessário: duas aulas

Introdução: Quando os textos dos alunos apresentarem inadequações de regência e de concordância nominal e verbal, pode-se ensinar esses processos sintáticos com um procedimento didático muito simples: a cópia reflexiva.

Objetivos Possibilitar ao aluno: a) a reflexão sobre procedimentos de estabelecimento de coesão e coerência textual por meio da análise de processos de regência e concordância nominal e verbal; b) a utilização de procedimentos específicos para a resolução de problemas de regência e concordância, respeitando a coesão e coerência textual; c) a construção e/ou ampliação de conhecimentos sobre regência e concordância nominal e verbal; d) a sistematização — no uso — de conhecimento sobre casos selecionados de regência e concordância nominal; e) a consciência da necessidade de preocupação com a correção da escrita, em especial quando o contexto de produção prevê a produção de textos em instâncias públicas de linguagem; f) a apropriação de procedimentos de revisão de textos escritos, utilizando-se o conhecimento discutido anteriormente.

Recursos materiais: Um texto curto; lousa, giz, folhas grandes de papel, caderno e lápis; um ou mais exemplares de dicionários e de gramáticas. Organização dos alunos: Os alunos deverão sentar-se em duplas.
Desenvolvimento da atividade/procedimentos didáticos:1) Avise a classe sobre a atividade com uma semana de antecedência, solicitando-lhes que pesquisem, em casa, o que significam regência e concordância. Selecione o texto que será usado no dia da atividade, em função dos aspectos que deseja colocar para reflexão. A seleção desses aspectos deve ser adequada tanto ao que é possível aos alunos aprenderem naquele momento, quanto ao que precisam aprender para ampliarem sua proficiência escritora. 2) Explique como se organizará a aula e quais os seus objetivos. 3) Peça aos alunos que, a partir da pesquisa feita, digam o que entendem por regência e concordância, escrevendo suas respostas na folha grande de papel, que ficará exposta na sala para posterior confronto com os conceitos que surgirem após a atividade. 4) Informe sobre o contexto de produção do texto que copiarão: quem é o autor, quando foi escrito o texto, em que portador foi publicado, qual o gênero no qual foi escrito, qual a finalidade presumida do texto, sempre comparando com os conhecimentos prévios dos alunos a respeito de todos esses aspectos. Isso possibilita que os alunos selecionem soluções mais adequadas para o texto, em função desse contexto discutido. 5) Comece a copiar o texto selecionado na lousa e peça que os alunos o façam no caderno, simultaneamente. 6) Ao copiar o texto, vá fazendo pausas estratégicas antes dos casos de regência e concordância. Nesse ponto, faça perguntas de antecipação, discutindo com os alunos a solução dada por eles. Confronte as soluções dadas pelos alunos com as soluções encontradas pelo escritor, do início ao final da cópia. 7) Quando houver dúvida de vocabulário, da regência de algum nome ou verbo, ou, ainda, de concordância, faça com os alunos pesquisas nos dicionários e gramáticas. Os casos de regência e concordância vão sendo grifados para depois serem classificados. 8) Após a cópia, solicite que os alunos reescrevam o texto copiado sem consultá-lo. Esse procedimento possibilita que os alunos reconstruam o percurso que fizeram para aprender esses processos sintáticos. 9) Além disso, solicite aos alunos que digam que compreensão têm desses processos depois da reescrita, confrontando-os com a que tinham antes da atividade. 10) Depois, solicite que revisem — em colaboração com seu parceiro de dupla — sua reescrita e a de seu colega.

Avaliação:O professor deverá estar atento aos acertos e às dificuldades dos alunos, confirmando e comentando os acertos e intervindo com correções quando necessário.

Contextualização: a) Antes de iniciar b) A cópia, quando realizada mecanicamente, sem reflexão, é uma atividade sem nenhum sentido pedagógico. Aqui, ela se reveste de significação para a aprendizagem, uma vez que existe reflexão sobre a construção do texto copiado. c) O texto selecionado deve ser um bom modelo de texto escrito: crônica, lenda, fábula, conto breve, notícia, piada e deve ser estudado previamente por você, em seus casos de regência e de concordância. d) Para esclarecimentos de dúvidas durante a realização da atividade, evite utilizar minidicionários, pois essas edições não contêm muitas das palavras do nosso idioma. e) Na avaliação das reescritas, você ficará tentado a corrigir os erros de ortografia e acentuação, mas deve deixar essa correção, sem abandoná-la, para outra ocasião. O aluno, nesse momento, tem que se concentrar na aprendizagem de conceitos novos. f) O estudo da regência e da concordância pode ser sistematizado, ao longo da 7a e da 8a séries. g) No ensino de Língua Portuguesa, não basta possibilitar a reflexão sobre determinados aspectos do conhecimento lingüístico; é necessário possibilitar ao aluno a apropriação de procedimentos que permitam ao aluno utilizar essa reflexão na revisão de seus textos. Estes procedimentos devem prever o registro da reflexão realizada, o qual deve ser a referência para as revisões textuais posteriores.

Aprofundamento de conteúdo Sobre o trabalho junto aos alunos Durante o processo de cópia é possível — à medida que a reflexão for se realizando e que os alunos forem levantando hipóteses sobre a escrita adequada do texto — é preciso ir indicando os diferentes processos de concordância e de regência focalizados. Por exemplo: manutenção do tempo verbal; manutenção do gênero na articulação entre substantivo e adjetivo; articulação entre pessoa do verbo e sujeito da frase; preposição adequada para se utilizar para se garantir determinado efeito de sentido, entre outros. Ao término da cópia, volta-se aos registros feitos durante a atividade e deriva-se, desses registros, possíveis regras de uso. Por exemplo: “é preciso verificar se há coerência entre os tempos verbais de uma frase do texto ou de diferentes trechos do texto”; “é preciso cuidar para que os adjetivos concordem em gênero e número com os substantivos a que se referem”; “quando se for utilizar a expressão de propósito, para significar a intencionalidade (ou não intencionalidade) de uma ação, é preciso estar atento para que a preposição utilizada seja DE, e não A: de propósito é diferente de a propósito”, entre outras possíveis. Esses registros devem ser tomados como referência no processo de revisão dos textos. Além disso, é possível derivar da discussão feita, o estudo mais aprofundado de conteúdos gramaticais como, por exemplo, a noção de locuções adverbiais; flexão de substantivo, adjetivo e verbos, entre outros aspectos. Sobre os aspectos gramaticais tematizados na atividade Em geral, uma palavra exerce, na oração, duas funções: uma taxionômica, outra sintática. Função taxionômica é a que a palavra exerce quanto à classe a que pertence (substantivo, adjetivo, pronome etc); a segunda função vem a ser a que a palavra exerce em relação a outros termos da oração (sujeito, complemento, etc.). A concordância e a regência dos termos que entram na formação da oração são processos sintáticos, ou seja, são requisitos a que deve obedecer um termo ao referir-se a outro termo da oração. Concordância é o processo sintático pelo qual uma palavra se acomoda, na sua flexão, com a flexão de outra palavra da qual depende. Essa acomodação flexional pode efetuar-se quanto ao gênero, ao número e à pessoa. Na língua portuguesa, há dois tipos de concordância: 1) nominal, em que o artigo, o adjetivo, o pronome adjetivo, o numeral e o particípio concordam em gênero e número com o substantivo a que se referem; 2) verbal, em que o verbo concorda em número e pessoa com seu sujeito. Tanto para um como para outro caso, há uma regra geral e regras especiais. Regência é a relação de subordinação, ou seja, de dependência dos termos, uns dos outros, ou ainda, é a propriedade de ter uma palavra, sob sua dependência, outra ou outras que lhe completem o sentido. A palavra que está servindo de complemento chama-se regida ou subordinada; a palavra que é completada, inteirada na sua significação chama-se palavra regente ou subordinante. Assim é que se diz que as preposições regem, subordinam palavras, e as conjunções subordinativas regem orações subordinadas. Quando o termo regente é um verbo, ocorre a regência verbal; quando é um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio), ocorre a regência nominal. As relações de regência são na frase indicadas: a) pela posição em que os termos se encontram na frase; b) pela preposição; c) pela conjunção subordinativa.

(Fonte: Almeida, Napoleão Mendes de. Gramática Metódica da Língua Portuguesa. 40a ed. São Paulo, Saraiva, 1995.)


obs: retirado do site nova escola.

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